Spirit – Ruim, ruim mesmo, pior que bater na mãe
- Vigilante Máscarado... Tá com uma cara de Dançarino de Flamenco...
Bom, novamente vamos começar falando a meu respeito e da obra. Acho importante eu dizer qual é a relação do interlocutor (no caso, eu, eu mesmo e eu de novo), com o objeto de sua locução (O filme/a obra). Não li muitas coisas do Spirit, só umas edições on-line (poucas) e algumas historinhas que tem nos dois livros teóricos do Eisner, “Quadrinhos e Arte Seqüencial” e “Narrativas Gráficas”. Não conheço o personagem por longas e extensas leituras de toda a obra, até gostaria, mas não. Quero ler as obras do Will Eisner e não são lá muito fáceis de achar (pelo menos pra minha pessoa, um cara pobre, sem grana em uma cidade pequena hehehe), e o que vem saindo de recente não me chama a atenção.
Então leiam sabendo disso, tenho um conhecimento escasso, mas mesmo assim é alguma coisa, vou tentar analisar de uma forma mais crítica possível, tentando focar melhor nos detalhes do filme e em algumas coisas que sei do personagem.
Miller e a arte de alterar o prisma
- Meninos e meninas, esse é o Frank Miller da era Image! No aguardo de uma fusão dele com o Liefield e, posteriormente, seu eventual retorno a grandeza.
Segundo passo é falar sobre o Frank Miller. Frank, Frank, Frank... Sim, ele fez tantas HQs fenomenais desde os anos 80 que, sinceramente, ele realmente é uma das maiores mentes dos quadrinhos nos últimos 20 anos. Eu realmente sou fã do cara, o coloco sempre na trindade sacra: Moore, Gaiman e Miller. Com histórias como Ronin, Batman Ano um e Cavaleiro das Trevas, Suas histórias no Demolidor, 300 de Esparta, os trabalhos com Geof Darrow (fenomenais) e etc, com certeza o colocaram nesse patamar... Entretanto tenho que dizer que de uns tempos para cá ele vem decepcionado geral.
Veja bem. Quando lançou DK, uma das obras que redefiniram os quadrinhos, vários fãs pediram por muito e muito e muito tempo uma seqüência. Sinceramente, não sei por que, a obra ta boa do jeito que ta, mas o pessoal sente necessidade de continuações... Enfim, um dia, pensando em comprar um apê novo, Miller aceitou o trabalho de fazer essa tal ... Seqüência...
E rapaziada que não leu... Que merda... Que grande merda... Ele conseguiu cagar em todos os pontos. Os desenhos estavam cartunescos e em cada edição seguinte ficavam mais toscos e obtusos. A Mulher dele coloriu a revista com as cores mais chamativas possíveis e usou todos os efeitos mais toscos do photoshop que conseguiu, as piadinhas eram HORRÍVEIS, os personagens estavam totalmente descaracterizados (porra, ele fez o HOMEM-BORRACHA, o cara que é só piadas, alegria e gozação virar um tipo de assassino elástico rancoroso) e a narrativa totalmente non-sense. A trama até que dava para passar, sobre como Lex virou o presidente e coagia o Super a ajudá-lo no que ele quisesse por manter a cidade engarrafada de Kandor em sua custódia, fazia um certo sentido, mas o resto escrachava com tudo. E o final, sei lá como, nem entendi até hoje (tenho medo até de RELER), aparece o Dick Grayson (Dick viadinho), vestido de Robin, meio vampiresco e o Batman arrancava a cabeça dele... Meu, que horror...
- Essa capa é tudo o que presta de DK2. Eu achei bacanam nas o resto. Meu amigo, se você usasse de papel higiênico iria sujar a bosta...
Enfim, mesmo sendo HORRÍVEL e SOFRÍVEL, muita gente acredita que essa era uma forma de “protesto” do Miller a respeito de que não se deveriam ter “continuações” de certas coisas e como essa pressão “para gerar lucros”, é realmente uma merda que faz a arte ser deixada de lado em favor do lucro fácil. Bom, isso é uma forma de se interpretar, pois o negócio era tão ruim e o Miller é (ou era, sei lá), um escritor tão bom faria uma coisa daquelas? Só QUERENDO ser ruim.
Tudo bem se passaram anos e a próxima empreitada do Miller chega às bancas com All Star Batman and Robin (no Brasil, Grandes Astros Batman e Robin), e, minha, nossa, senhora, de, todos, os, santos (e nem sou católico, só preciso de uma exclamação gigante mesmo), que desastre. O Batman vira um cara viciado DEMAIS, exagera em tudo para sua vingança, é sujo, bate e não ta aí, foda-se tudo, não se barbeia, xinga, é o GODDAMN BATMAN MODAFOCKA! Aparece a liga dos super cuzões, com o Super Punheteiro Mimimi, Menstruada Maravilha e Hal Jordan, o homem com medo! Nunca vi edições mais fedorentas em minha vida, tudo é escrachado, o Robin xinga o Alfred, o Batman ta nem aí, tem mega posters pra lá e pra cá (aliás, acho que a única coisa que valeu foi um mega pôster da Batcaverna com vários Bat-Carangos), e tudo mais... Ou seja, outra BOMBA!
- Você é um retardado ou algo assim? Não sabe quem eu sou? Sou o Maldito Batman... Concordo, cair assim nas mãos do Miller é mesmo ser maldito e amaldiçoado...
Novamente, o povo começou a ver que ele estava fazendo isso de propósito, ou pelo menos pensar que ele está fazendo. Uma espécie de mensagem à respeito de como o exagero constante na “darkonização” dos heróis, principalmente no mais sombrio de todos (sim, acho que ele é o mais sombrio, mas o Batman ainda é um herói, tem muitos personagens que já são sombras e são mais insanos e imersos nas trevas [e ta tudo bem com isso] do que heróis, enquanto o Batman é algo que se mantém sempre acima disso e isso que o torna o herói que é), ficaria uma bosta... Como ficou...
- Meia noite das HQs do "The Authority", praticamente uma versão do Batman que mata, xinga e tortura. Ele pode até fazer isso tudo, é a proposta dele! Mas não a do Batman...
Não quero entrar muito nessa questão, mas é impressão minha ou o Miller ao invés de fazer boas HQs simplesmente não quer mais fazê-las, escrevendo pedaços de lixo zombeteiro que os fãs se masturbam ao alterar seus próprios prismas de visão a respeito da obra? Por que sim, se fosse um Chuck Austen da vida escrevendo, acredito que iriam matar o cara sem pensar duas vezes.
Pessoal, sinceramente, essa é minha opinião, tudo bem ele escreve uma HQ ruim para protestar, fazer isso duas vezes já é forçar um pouco a barra, mas a confirmação que ele ta perdendo a mão aparece no filme do Spirit...
Sin City e 300
- 300 e Sin City. Boas Adaptações, eu recomendo!
Uma das maiores obras do Miller com certeza é Sin City. É preto no branco, com uma bela densidade de escrita, a narrativa é muito boa, os detalhes de sombras impecáveis, assim como a estética e estilização que ele coloca. Eu nuca fui muito fã do traço do Miller, mas essas edições estão boas, sem reclamações. Sin City é uma temática muito boa, histórias sobre uma cidade violenta, com pessoas violentas, casos violentos e coisas do tipo. Eu gostei muito e considero muito influente em meus próprios trabalhos. Sin City é uma espécie de Dirty Noir que foi bem adaptado para as telas. Eu digo siso porque acho que é uma das HQs que menos se mexeu na transposição de histórias em quadrinhos para cinema. Veja bem, geralmente, existem algumas mudanças que tem que ser feitas em vista de se aproximar mais a realidade desenhada e imaginada da realidade viável (e filmável), como por exemplo, o Batman usar armadura, faz sentido no mundo real mais do que usar só um colante. Como em Sin City foi transposto diretamente, não há no roteiro, em si, muita dificuldade e nem “o que” ser alterado e funcionou muito bem, criou até uma estética diferente, alternada. Eu diria o mesmo para 300 de Esparta, eu gostei, apesar dos “slow-fast-slow motion”, não acho que isso seja algo para falar que o filme foi ruim, porque é exatamente o que tem na HQ e uma visualização do mítico conto dos 300 homens. (tirando a parte da rainha, que foi uma merda).
Com a divulgação desses dois filmes (e sucesso, creio que ambos fizeram sucesso, se algum foi uma merda, me digam), o Miller conseguiu alguns novos projetos, como Sin City 2 e conseguir filmar, escrevendo e dirigindo o filme do Spirit.
Influências
- Então Frank, depois que eu morrer, se tiver um filme do Spirit, prometa que não deixará fazerem pouco de meu trabalho?
- Claro, claro...
- Veja bem, você sabe qeu tem uma temática noir, mas com humor, não é como aquelas histórias de acrobatas picados por aranhas e homens que sobrevivem a aviões fumegantes...
- Claro, claro... Prometo que não vai ter nada disso. Vai ser tão fiel quanto as negociações de paz feitas por Hitler!
Frank Miller é um cara com diversas influências em seu trabalho. Isso é bem visível, ele, por exemplo, era muito influenciado pelo mangá do Lobo Solitário (Que tem por aqui no blog falando um pouco dele), que você pode ver refletido em Ronin, no Run dele no demolidor (que transformou o demolidor no que é hoje, acreditem!), na Elektra (aliás, acho que ele é o único escritor que escreve a Elektra e faz ela ficar legal, outros fazem ela ficar tão... nhé...) e etc.
Também é possível de notar a influência que o Eisner trouxe. Veja bem, Eisner começou cedo. Nos anos 40, e pouco a pouco veio ganhando a notoriedade e importância nos quadrinhos que, bem, como posso falar, ele é o Orson Wells das HQs, o que Andy Warhol é para a pop arte e o que Tolkien é para a literatura fantástica nos dias de hoje. Ele foi o primeiro, antes de qualquer outro, a tratar a HQ como um meio, simplesmente um meio, sem ser exatamente par acrianças e descerebrados, suas histórias eram simples e diretas, sem medo de tocarem em temas adultos ou contar contos realistas e crus, sem muita firula e, com a maestria que só ele tem, ele fazia isso com a principal ferramenta das histórias em quadrinhos. A narrativa.
A narrativa do Eisner o coloca em um patamar supremo. Ele conseguia contar histórias envolvendo todos os quadros, com uma linguagem superior, criando ambientes maravilhosos e trabalhando com painéis inteiros onde os quadros compõem parte de uma soma inteira. Isso se torna mais evidente na sua obra-mor, Spirit, sobre Denny Colt, um detetive que finge sua morte para poder pegar um grupo de bandidos e passa a agir como o Espírito. É simples, mas é funcional. As histórias eram em preto e branco, usando a narrativa superior de Eisner, tinham um tom investigativo, pastelão, mas divertido, é uma HQ (pelo que eu li), muito divertida de se ler.
O que o filme, não é de se ver.
- Alguns exemplos da narrativa do Eisner, clique para aumentar
Spirit – Antes morto do que reencarnado
- EU COMENTEI O FILME TODO. SIM, ELE INTEIRO, PARA APONTAR POUCO A POUCO AS FALHAS DESSA MERDA. SE VOCÊ JÁ VIU, TUDO BEM, SE NÃO, LEIA POR SUA PRÓPRIA CONTAE RISCO!Bom, vou começar a falar do filme. Quando eu começo a ver, eu acho que estou vendo um filme do Deadman. Sim, Deadman, ou Desafiador, sobre um acrobata/trapezista (Boston Brand), que é assassinado, mas seu fantasma é energizado pela pseudo-deusa hindu Rama Kushna (não sei se ela existe mesmo no hinduísmo ou se é só uma espécie de Krsna cover), para poder obter justiça e equilibrar a balança cósmica.
- Chuva. Um dos elementos mais presentes nas obras do Eisner, que ele sabia fazer como ninguém. Preciso dizer que não chove no filme, só cai uma nevinha vagabunda?
Enfim, aparece uma mulher rebolando e falando assim, sobre morte e etc. E eu sem entender nada, nunca vi isso nem sequer citado nas HQs, mas li muito pouco, como disse. Depois disso aparece ele no cemitério recebendo uma ligação de alguém, se arruma em uma casa cheia de gatos (acho que ele divide o apê com o Hellboy), e, sinceramente, começa a “surfar” pela cidade.
Meu, é sério, ele pula em uns fios de alta tensão tão grossos quanto o meu braço, mas que parecem uns barbantes, e ele pula como se fosse um tipo de acrobata louco (será que o Miller está fazendo um filme do Desafiador e não do Spirit???), mas caceta, ele pula de altura muito alta e surra uns bandidos que estavam chacoalhando uma moça indefesa. Meus amigos, ele transformou o Spirit em uma Tartaruga Ninja! Sim, o Spirit virou o desafiador e uma tartaruga ninja ao mesmo tempo.
Seguindo, ele pula em um carro de polícia e dá um chega pra lá no motorista. Detalhe, o motorista é o próprio Frank Miller. Assim ele chega a uma espécie de lago onde tem um policial baleado. O policial relata que viu uma mulher (Eva Mendes, tesuda, deveria estar no filme da Mulher-Hulk ao invés dessa bosta), mas quem atirou foi o Octopus (Samuel L Jackson), ai tem uma cena louca em flashback dela vagando em um lago infinito, que em um momento ela conseguia ficar de pé e no outro era mais fundo que sei lá o que, enquanto o Octopus baleia o sujeito pelas costas e continua atirando com balas que vão vários metros pela água até acertar a Eva e mais um gaiato que estavam com uns baús velhos (aliás, os Mythbusters provaram que balas não vão muito fundo na água... só pra ser chato), eles escapam com um baú e o outro, vai pro saco.
Nisso o Octopus pula na água e pega o baú que sobrou e quando volta vê o Spirit no exato momento em que ele chega. Agora, o que acontece, parece que ele mata o cara que estava com o Spirit sem ele ver (ou seja o Frank Miller), arranca a cabeça do Miller e joga no Spirit, então, do nada, ele joga o Spirit em um lamaçal (peraí, não era um lago?), e começa a bater nele com a cabeça do Miller, do nada o Spirit pega uma espécie de chave inglesa gigante e dá na cabeça do Octopus, enquanto isso ao fundo parece que tem uma fábrica pegando fogo e eles estão em um lugar totalmente diferente. É Quanto o Octopus dá uma PRIVADADA no Spirit, sem brincadeira, ele pega uma privada e acerta no Spirit, isso com 20 minutos de filme, eu não to entendendo nada, ninguém falou quem era o Spirit até agora (eu sei, mas e quem não sabe?), do nada eles foram teletransportados, como o Jaspion ia para outro lugar (a pedreira abandonada, “vamos para um lugar seguro, haaaa, outra dimensão”), e agora estão batendo com objetos saídos do cu (claro que do cu Robin, de onde mais?), e ainda por cima ridículos!
- Bendis, Bendis, Samuel L Jackson como Octopus, Cabeça de Flash de máquina fotográfica antiga, Bendis e Scarlett Johansson como Peitos Floss...
Eu queria desligar essa merda logo, mas tinha que assistir tudo para ver direito e poder julgar com mais paciência. É quando vem um gordão bobo (tipo um Brian Michael Bendis mais esperto) e atira várias vezes no Spirit que não morre e o Octopus fica com essa baboseira de “Somos iguais, blábláblá” Que dá a entender que o Spirit é tipo um imortal (okay... tem isso nas HQs? Porque acho que ele não é nenhum Macleod) e vai embora com o gordão.
Mais tarde eu fui perceber que esses gordões são uma espécie de clones burros pra cacete, que tem camisas com palavras como nomes sempre terminados em “os”, que parecem ser o que são, buchas de canhão idiota. É como se o Miller fizesse uma merda mais uma vez para mostrar “olhem, fiz buchas de canhão que pensam e são verdadeiras buchas, olhem pra mim, faço uma merda para criticar os padrões”... Mas enfim, até aí só pelo conceito de ter clones já é estranho, mas não acho que isso seja muito alienígena aos contos do Spirit. Tem até mesmo uma historia que aparece uns aliens e etc.
Enfim, aí percebemos que a Eva era a namoradinha de infância do Spirit, que eles eram meio pobres e ela queria grana. O pai dela era policial e o Denny queria ser um, mas acontece que o tio do Denny (que cuidava dele), se mete em uma briga e acaba matando sem querer o pai da Eva (Sandy Saref), e depois se mata enquanto o cara que causou tudo vai embora. A mini bitch fica brava com a polícia e tudo isso e cai fora da vida do Denny também (engraçado que a moleca é a cara da Eva mesmo). Quando ela volta, dá a entender que ela procura algo que estava no baú que o Octopus ficou e ele com o que ela queria.
- Ebony White, o "parceiro" de Spirit não está presente. Ebony foi muito discutido por ser um esteriotipo perjorativo dos Afro-descendentes, com gradnes lábios e uma linguagem mais pobre, mas essa não foi a intenção do Eisner. Acho que o Miller deve ter transformado o Ebony em Octopus...
Quando o Octopus abre o baú, tem uma cena das mais ridículas EVER que eu já vi. Ele vestido de samurai, com a Scarlett Johansson (gostosa, uma ajudante tetuda e tesuda, mas apática chamada Silken Floss), junto. E quando ele abre e vê que não é o que ele queria, começa a matar os gordos bobos com uns visuais... Meu deus... Um visual tão ruim que parecia ser um clipe do Pato Fu em cromaqui para imitar aquele visual vagabundo de mangá sem profundidade do tipo “opa, Japão, katanas, shurikens, sol nascente, kimonos, iupi que caracterização supimpa”. E em nenhum momento a gente sabe por que diabos ele está vestido assim e quem é ele ou alguma coisa assim...
Aliás, isso é um dos defeitos do filme. Parece que o Miller queria fazer uma espécie de narrativa não tão linear, onde a gente tem que pensar um pouco, já é jogado na ação, e depois vamos tendo pitacos de dicas de quem eles são e do que eles fazem uma coisa mais Kill Bill, sem dizer muito especificamente as razões. Mas acontece que as cenas são ruins e chatas, as falas são muito toscas e quando vão revelar isso ninguém ta nem mais aí (pelo menos eu) pra quem são e o que fazem. É como se o homem aranha, surgisse no primeiro filme, lutando contra palhaços, batendo por meia hora nos caras com vasos, nunca mostrasse o lance da picada, falasse a respeito de quando ele era criança e os pais dele morreram em um acidente de avião, depois ele lutasse contra clones e descobrisse que a namorada morta dele teve filhos com um rival que nem aparece no filme, e só depois explicassem essa zorra toda!
Bom, daí passa para a Sandy, indo falar com algum negociador de artefatos antigos que deu a dica pra ela, ela chantageia o cara e meio que faz uma chantagem de MORTE com ele, falando para ele se matar, enquanto faz isso vemos que tem um LAPTOP na mesa do cara.
Peraí, putaquepariu, até agora a ambientação mostrava uma cidade escura, policiais meio anos 30-40, com carros velhos, linhas de telefone longe de serem fibras óticas e tudo mais, e agora tem laptops???? Não é ó isso, do nada parece que eles tem tecnologia, mas ao mesmo tempo são totalmente retro, não dá para entender isso. É uma opção estética pelo visto, mas sinceramente é uma bosta. No original até dá para ver algumas coisas científicas, mas é uma espécie de tecnologia que se mescla bem a esse clima noir e retro, ainda mais por se tratar de um noir mais cartunesco, mas no filme isso é totalmente ignorado, e tem celulares blackberry, computadores, helicópteros Black Hawks e o caralho a quatro, sem falar em fotocopiadoras.
Uma hora a Sandy senta em uma fotocopiadora e tira uma Xerox da bunda deliciosa... ahm... Da Bunda dela e deixa lá... E só o Spirit consegue notar isso (óbvio).
Quando sai do hospital a gente vê o casinho dele com a Ellen Dolan filha do comissário Dolan. Sério, o comissário Dolan virou uma espécie de Turpin/Bullock aqui, esbravejando com o Spirit toda a hora, realmente ele era assim nas HQs ou só nas que eu não li?
Enfim, ele sai do hospital, um bandido burro rouba uma mulher e vai na direção dele, já leva um murro, ele pega a bolsa e dá uma entrevista, em menos de um minuto. Ele chega até o lugar que estava Sandy, acha a Xerox do cu dela e vai atrás da garota por aí perguntando pra vários atendentes de hotel se viram aquela bunda. Meu, homem gosta de bunda. Tem umas até fáceis de identificar, dado o nível de cavalice bundal, mas, meu, bunda não é rosto!
Depois desse nível forense indescritivelmente fenomenal, o grande detetive anal descobre a suíte em que está Sandy, conversa com ela em um tipo de momento “Oh, é um flashback moment, eu sei quem você é, mas você não tem idéia de quem eu sou”. E Sandy joga Spirit da janela... Até ele ser salvo por umas gárgulas bem colocadas, usa o ninjitsu espiritual (dá-lhe Naruto, influenciando Frank Miller!), e sai de lá.
Bom, aí vamos pular para uma cena onde a Silken Floss (Johansson) captura o Spirit assim que ele a encontra, simplesmente ele pula em um esgoto, ela chega, dá um beijo nele e enfia uma injeção no pescoço dele. Acho que tem uma lição nisso tudo rapaziada. Se uma gostosa pacas vier andando para cima de você, em um esgoto sujo e fedido (bom, nem tanto no filme), não a beije de olhos fechados promiscuamente sem falar nada, pelo menos cheque-a para ver se ela não tem nenhuma arma escondida ou substância ilícita e desconhecida para por você para dormir.
Agora vem a parte mais esquisita do filme. Ele acorda em um lugar, amarrado em uma cadeira. Ele vê uma decoração nazista e do lado uma espécie de “pia” com instrumentos do lado e exclama “ótimo, dentista e nazista”, isso até que teve certa graça, mas, nazista? Daí aparece uma mina louca dançando meio árabescamente, depois o Octopus e a Silken aparecem vestidos de oficiais nazistas. Okay, qual é a razão disso tudo? Pelo que li (na Wikipédia) o Octopus é uma espécie de mestre dos disfarces, até aí eu entendo, mas porra, ele não tem lógica nenhuma ele se vestir de nazista ou de samurai. Ele poderia se vestir de Índio e de Viking, de Mexicano ou de Israelita, de Alien ou de Robô que faria o mesmo sentido, isso tudo é um grande non-sense que não consegue nem ser resgatado pelo senso estético do Miller. É tudo uma grande piada sarcástica e sem graça. O pior de tudo é que o Octopus NUNCA aparece nos quadrinhos. É como a Bruxa de Blair ou o Tubarão, que o que aparece é mínimo, só para mostrar o grau de impacto que é ovilão para o Spirit. Pior disso tudo é que não há nenhuma grande surpresa quadno o Octopus aparece, mesmo o filme tentando já entrar em um ritmo que mostraria já o Spirit em ação para mais tarde mostrar suas origiens, como se ele estivesse fazendo isso há anos e anos... Depois temos uma cena em que ele revela que “criou” o Spirit, tentando fazer uma poção de imortalidade, ele “testou” no Spirit.
- Gabriel Macht como Spirit... Nhé... Não faz tanta diferença. Aliás, o elenco todo não faz muita diferença. às Mulheres até são boas e tem o "ar sensual" necessário as femme fatale de Spirit, mas como eu disse a obra toda dá discarga nas atuações. Po, o Miller conseguiu fazer o Samuel L Jackson ficar entediante como um palhaço cheio de piadas velhas... Quem dirá do resto do elenco!
Alerta, Alerta, Alerta descaracterização. Bip. Highlanders entre nós. Bip. Isso não faz nem o menor sentido, nem a menor graça, nem nada.
Ou seja, o Spirit, é um cara tipo o Wolverine, que não morre. E o Octopus também. Meu deus, ele virou um mutante. Caceta, ele TEM super-poderes. Pessoal, pelo que eu entendo, o Spirit nunca se tratou à respeito de poderes. Nem ao menos era para el éter uma máscara, era só ser um policial, o Eisner estava falando com o editor sobre a idéia do personagem, que perguntou se ele iria usar máscara e o Eisner falou “ah, usa né”, para poder vender melhor a idéia. Ele finge sua morte, que pelo que entendi, é mais uma coisa “Romeu e Julieta” com algo que para o metabolismo dele e depois ele volta para lutar contra o crime. Ele não morreu, ele não regenera, ele só sobrevive por sorte e acaso e não por super-poderes.
Enfim, depois dessa cena toda, o Octopus fala que vai trocar o que a Sandy tem pelo que ele tem. Aparentemente são objetos místicos (é, agora tem magia na jogada tipo assim, repentinamente tem magia), que é o sangue de Hércules que poderia ser usado pelo Octopus para fazer uma espécie de super-soro da imortalidade pelo Velócino de Ouro de Jasão e os argonautas.
Então simplesmente a louca arabesca é revelada como um ex-caso do Spirit, que o solta. Ela é Plaster de Paris, ou seja ela é uma francesa dançarina árabe com uma peixera que faria muito cabloco amazonense se sentir o boy scout com um canivete de plástico de cortar rocambole, corta as mãos dele e ele chuta o Octopus até ele se foder e ai ambos caem fora. Depois de escaparem, a mina pergunta quem é a tal de Sandy, só para enfiar a faca na barriga do Spirit e sair fora dançando.
Agora tem uma cena... Insana... com o Spirit com um facão atravessado no peito, caindo no mar, dando uns “lero” com a Rama Kushna... Aiai... E aí voltando a vida. Ele descobre, não sei como, onde a Sandy vai se encontrar para trocar os baús com o Octopus.
A Sandy para com um avião do tipo monomotor anos 50 no meio da rua e encontra-se com a Silken Floss que está em um caminhão, aí tem uma daquelas cenas de “todo mundo armado, todo mundo desconfia de todo mundo”, só que a Sandy se fode, porque tem o Octopus e mais Bendis dentro do caminhão. (Sério, foi uma emboscada estupidamente estúpida, a mina é muito burra pra cair em uma dessas). Nessa hora chega o Spirit, enquanto a polícia faz um cerco (sério, os caras estão lá e esperam e o que acontece? Veja a seguir...) O Octopus vai atirando até que atira com dois bacamartes de oito canos e o Spirit cai ao chão. Aí sim entra a polícia, com um pelotão e helicópteros do exército.
Meu o que diabos a polícia estava esperando? O Octopus gastar a munição toda? Porque não adianta muito, já que ele saca duas metrancas e atira feito louco pra meio de lugar nenhum. Hooray! Ele é um gênio atirador, lutador, estrategista, mestre dos disfarces (bom, na verdade não isso, é mais um mestre dos cosplays), que atira feito louco ao invés de pegar o que quer, se esconder e deixar a porra dos carecas se foderem.
E ele faz isso, atirar do nada, e quando pega o vaso ele vai beber o sangue como Kon Di Dá-Cú-Lá tomando em uma coca cola 3l, a Sandy atira e fode com o jarro (também o espertão vai tomar no meio de um tiroteio...), e quando ele vai atirar nela, aparece o Spirit, jogando um colete no chão cheio de buraco de furo (ah ta, ele faz isso AGORA, mesmo descobrindo que é mutuna regenerador safado... sabe isso teria MUITO mais sentido [o lance do colete], se ele não fosse um REGENERADOR...) e sinceramente, ENFIA NO CU do Octopus uma granada e se abraça a ele para “morrer juntinho”, que bonito.
Ai a Sandy usa o Velócino de ouro para se proteger (aliás, o velócino que era tipo um manto de cabra dourado virou praticamente um manto dourado escamado, como se fosse uma brunea ou a pele de um dragão D’Ouro...), o Spirit da explosão. Que aliás, foi bem parecida com a desintegração do Doutor Manhattan no filme do Watchmen, com um brilho, a pele e os órgãos explodindo primeiro e depois os ossos...), aí o filme meio que termina com o Spirit deixando ela ir embora e mostrando que tudo fica no status quo, tirando o Octopus, que só sobra um dedinho que a Silken Floss pega (belo cerco ein polícia????), com o dedo ainda se mexendo!!! Bom, vou dar as...
Sofrível. Olha, como estava dizendo o que eu mais temia era a estética Sin City voltar a aparecer aqui. Vamos deixar bem claro que SPIRIT não é Sin City. São duas obras diferentes. Então basicamente o que temos é o Miller tentando reprisar um sucesso emulando tudo o que Le fez no anterior. Sério, acho que se falarem para ele “não pode ter um protagonista que fica com monólogos introspectivos, coisas japonesas sem ter anda nitidamente nipônico, ou nazista ou western e sem mulheres fatais”, eu não sei o que ele faria.
- Álvaro de Moya. Pesquisador de Quadrinhos brasileiro, escreveu e organizou SHAZAM! Ótimo livro Teórico. Amigo de Eisner, imagino o que ele diria a respeito desse filme...
Tudo bem, Sin City é bacana, ta aí pra vir o dois, que espero ser bem legal, ainda mais com a primeira aparição do Dwight (em a Dama fatal, que parece ter sido copiado por Femme Fatale, com o Antonio Bandeiras, meio que o controla para fazer o que ela quer) e talvez com a Angelina Jolie como Ava... Mas acho que usar a mesma estética meio problemático e até preguiçoso. Dá para ver que como diretor Frank Miller é limitado e como escritor do roteiro ele foi preguiçoso.
Isso porque os personagens estão descaracterizados, a estética é batida e não bate com o material original, as cenas são tontas, as piadas são sem graça, as cenas de ação são forçadas pra cacete, tem muitos momentos que a gente não consegue entrar em acordo com o que tem na tela... Ou seja, é uma desgraça, a precisar esse filme, nem como pastelão, nem como filme Cult, nem como filme de ação... Você teria que se forçar muito para gostar disso, teria que achar STREET FIGHTER um bom filme (mesmo vendo como comédia, vendo por esse lado é até engraçado), com alterações bem feitas e mantendo o tom do original. Spirit faz com que Watchmen seja uma adaptação e um filme brilhante, sinceramente, se colocar um do lado do outro.
É ruim como adaptação, péssimo como filme e sofrível como piada. Mas é claro, sempre vão ter aqueles que vão achar genial. Se o Miller cagar em um papel higiênico, logo aparece alguém para comprar. Dessa vez, ele cagou no espírito de Will Eisner.
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