segunda-feira, maio 04, 2009

O Cavaleiro das Trevas

- Ou é o Batman ou o Pardalman, equilibrando-se assim em um fio de luz!!!

Olá pessoas! Como bem disse, iria colocar mais algumas coisas que escrevi, só que mais antigas, para manter o blog rodando. Ainda não escrevi nada de novo, mas tenho bastante coisa para ir colocando aqui. Bem, ano passado fomos presenteados com um filme que até agora é um sucesso, que é Dark Knight, o Cavaleiros das Trevas, um filme do Chris Nolan com o Christian Bale como Batman.

Quem lê meu blog (sei lá quantas pessoas, FINALMENTE coloquei aquele treco de contar visitantes então vou tirar uma boa média... ta lá no fundo junto com o buscador, não sei mexer em HTML, vai ficar tosco mesmo por enquanto!!!), deve ter visto minha crítica ao filme de Spirit, e de como o criador de uma história tão boa quanto essa (Frank Miller), iria decair até tal ponto.

Aqui está uma análise que eu fiz para a aula de Teoria da Comunicação alguns anos atrás, ela analisa a persona do Batman construído na obra, bem como um contra ponto com o Coringa (seu arqui-rival) e o super homem (que é uma espécie de antagonista nos meios e significados, apesar de estarem no "mesmo lado" por assim dizer), como é um trabalho acadêmico (apesar de eu ter nem 20 anos quando fiz), coloquei umas imagens para ir aliviando a quantidade de texto inserido (poisé, todo mundo gosta de textos com figuras, principalmente o povo que lê quadrinhos! hehehe).


- Ia Fácil nessa modelo. Ainda mais com eses gibis!!! hehehehe

A Sombra Através do Relâmpago:

Uma análise de Batman - O Cavaleiro das Trevas


- Obra Prima. Sinceramente, obra-prima MESMO!



Criado em 1939 por Bob Kane, Batman é um dos personagens que nascerem a beira da mitologia moderna dos Quadrinhos. Diferente dos outros super-heróis que nasceram nessa época, Batman gera um fascínio maior por parte de sua caracterização, desvinculada dos signos normalmente associados as lendas do mito do herói, traz a nossos olhos uma proximidade maior com nosso “ser humano” interior. Utilizando uma das mais clássicas histórias do personagem “Batman: O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller, tentará ser traçado nesta análise um perfil sobre sua figura heróica, em uma comparação com seu maior inimigo, O Coringa, e outro dos maiores heróis de sua época, o Super-homem.



- Bat Macumba Hei Hei! Bat Macumba Oba!



A Piada Final:

A Sombra da Comédia e da Tragédia


- Oi, sou o Coringa de Dave McKean, de Batman Asilo Arkham, mas queridos, vim aqui prestar uma homenagem ao meu próprio "eu" que tem que lídar com um Morcegão tão divertido! Ele é velho e quase letal! HAHAHAHAHA QUE PIADA HAHAHAHAHA!!!



Em seu gênese, Batman representa com fidelidade parte do ciclo do herói: como uma onda turbulenta, o destino o arremessa para dentro de um ciclo que muda totalmente sua vida. Neste caso, presenciar a morte violenta de seus pais por um ladrão/assassino comum foi um abalo tão violento na psique do pequeno Bruce Wayne, que isso o levou a uma busca para poder se sentir aliviado desta dor. “Numa palavra: a primeira tarefa do herói consiste em retirar-se da cena mundana dos efeitos secundários e iniciar uma jornada pelas regiões causais da psique, onde residem efetivamente as dificuldades, para torná-las claras, erradica-las em favor de si mesmo (isto é, combater demônios infantis de sua cultura local) e penetrar no domínio da experiência e da assimilação, diretas e sem distorções, daquilo que C. G. Jung denominou “imagens arquetípicas”. (...) Os arquétipos a serem descobertos e assimilados são precisamente aqueles que inspiram, nos anais da cultura humana, as imagens básicas dos rituais, da mitologia e das visões.” (Campbell p. 27). A Saída que Batman encontra é lutar contra o crime. Ele então passa a viajar pelo mundo em busca de qualquer um que possa lhe dar algum ensinamento que será de valia em seu combate contra o crime. No aspecto de seu “nascer” heróico, ele consegue se igualar a tantos outros mitos, passando por um período conturbado em sua vida, onde logo lhe é mostrado o caminho o qual seu destino foi traçado. “(...) A criança do destino tem de enfrentar um longo período de obscuridade. Trata-se de uma época de perigo, de impedimento ou desgraça extremos. Ela é jogada para dentro, em suas próprias profundezas, ou para fora, no desconhecido; de ambas as formas, ela toca as trevas inexploradas.” (Campbell, p. 316)


- Sério, se lerem, vão entender a esolha do Jack Nicholson para o primeiro filme do Batman, o do Tim Burton!



As semelhanças com o mito do herói parecem acabar por aí. Em sua busca por um meio de esconder sua identidade, Bruce Wayne se espelha no morcego, criatura que temia em sua infância, para poder levar terror ao coração dos bandidos. Diferente dos outros heróis que agregam um amontoado de valores ditos “positivos”, Batman se mune do mais puro arsenal “negativo”, isso ainda se acentua mais quando comparado com seu arqui-inimigo, o Coringa. Batman representa as sombras, que funcionam como seu habitat natural; o escuro, aonde ele se sente mais confortável e por onde ele age; o medo, que ele usa para poder assustar os bandidos, se tornando uma perfeita lenda urbana; e o morcego, uma criatura notívaga que no imaginário popular esta ligada aos vampiros, a noite e outros aspectos negativos “O negro é, para algumas pessoas, a imagem arquetípica da ‘criatura primitiva e sombria’, portanto uma personificação de certos conteúdos do inconsciente. Talvez seja esta uma das razões por que o negro é, tantas vezes, rejeitado e temido pela gente branca. Nele o homem branco vê, diante de si, a sua contraparte vivo, o seu lado secreto e tenebroso (exatamente o que as pessoas tentam sempre evitar, o que elas ignoram e reprimem).” (Jacobi, Jolande, p. 300). Em contrapartida o Coringa carrega tudo o que é oposto ao Batman: sua face, assim como suas vestes, são brancas, seus trejeitos são alegres, pendendo para uma certa “alegria” cômica, e a maioria de seus armamentos são disfarçados com temas infantis – como bombas em formato de bonecas, ou algodão doce envenenado – demonstrando este aspecto de sua psique. Para ficar mais evidente a dualidade destes dois antagonistas, em Cavaleiro das Trevas, Coringa permanece dez anos em estado catatônico, o mesmo período que o Morcego se mantém recluso de sua vida de vigilante, retornando a si quando este volta a combater o crime. Através de todos estes apontamentos nas características que compõe os dois personagens é possível ressaltar que todos os detalhes que se agregam ao Batman, o “herói”, são voltados para uma simbologia que se desprende a aquela imortalizada no mito do herói tradicional, sendo que, na verdade, estes símbolos heróicos em sua maioria se mostram presentes na compleição do Coringa. Em um olhar mais profundo, é um puro embate entre a tragédia e a comédia. “A tragédia é a destruição das formas e do nosso apego às formas; a comédia, a alegria inexaurível, selvagem e descuidada, da vida invencível. Em conseqüência, tragédia e comédia são termos de um único tema e de uma única experiência mitológicos, que as incluem e que são por elas limitados: a queda e a ascensão (kathodos e anodos), que juntas constituem a totalidade da revelação que é a vida, e que o indivíduo deve conhecer e amar se deseja ser purgado (katharsis = purgatorio) do contágio do pecado (desobediência à vontade divina) e da morte (identificação com forma mortal).” (Campbell, p. 34-35). Batman então se torna um herói mais humano, pois sua luta contra o Coringa pode ser lida como uma singela metáfora do trágico percurso da vida: “O final feliz é desprezado, com justa razão, como uma falsa representação; pois o mundo – tal como o conhecemos e o temos encarado – produz apenas um final: morte, desintegração, desmembramento e crucifixão do nosso coração com a passagem das formas que amamos” (Campbell, p. 32).



- Falar o que? Sério, FALAR O QUE? Quem não gostou da caracterização, não entendeu nada! Tem que voltar pro prezinho e cantar cai cai balão com a tia até aprender direitinho!



Um ponto a se ressaltar na personalidade do Homem-Morcego: ele é um dos poucos heróis a possuírem um ajudante mirim. No caso de Cavaleiro das Trevas, Batman já teve dois ajudantes erguendo a capa de Robin: Dick Grayson, que por certos atritos não fala mais com ele, e Jason Todd, que por alguma razão, fora morto, sendo esse o grande motivo do vigilante ter deixado de atuar. “Gilgamesh tocou o coração de Enkidu, mas ele já não batia; seus olhos também não tornaram a se abrir. Gilgamesh então cobriu o amigo com um véu, como o noivo cobre a noiva. E pôs-se a urrar, a desabafar sua fúria como um leão, como uma leoa cujos filhotes lhe foram roubados. Vagueou em torno da cama, arrancou seus cabelos e os espalhou por toda parte. Arrancou seus magníficos mantos e atirou-os ao chão como se fossem abominações.” (A Epopéia de Gilgamesh, p. 133) É evidente que a dor de um companheiro sentida pelo lendário Gilgamesh, rei de Uruk é análoga à dor de Batman, porém, como Enkidu, Robin não é só um companheiro, mas alguém a quem o protagonista tinha como um irmão de sangue, uma visualização de si mais pura. Quando Carrie Kelley, a nova Robin assume o manto, é de se notar o modo como Batman age a seu respeito: proteção e educação. Esta faceta representa o lado do herói que serve como inspiração as pessoas, mas neste caso, Batman encontra uma alma que estaria tão perdida como a dele quando era pequeno, cuidando para que esta não se torne alguém tão ambíguo como ele. Diferentemente do Coringa, que pouco parece se importar com outras vidas humanas, Batman no fundo é uma personagem que não deseja ver a morte – ou causar – a morte de ninguém, e é nesse ponto que conseguimos detectar quem é o herói. “A batalha entre o herói e o dragão (visto aqui como o Coringa) é a forma mais atuante deste mito e mostra claramente o tema arquetípico do triunfo do ego sobre as tendências regressivas. Para a maioria das pessoas o lado escuro ou negativo de sua personalidade permanece inconsciente. O herói, ao contrário, precisa convencer-se de que a sombra existe e que dela pode retirar a sua força. Deve entrar em acordo com seu poder destrutivo se quiser estar suficientemente preparado para vencer o dragão – isto é, para que o ego triunfe precisa antes subjugar e assimilar a sombra”. (Henderson, p. 120). Apesar de demonstrar uma profunda raiva contra o Coringa, aparentemente desejando a sua morte, ele não consegue o fazer. Torcendo o pescoço do palhaço parcialmente em um túnel do amor – uma metáfora para a relação profunda e conflituosa entre os dois – ele consegue resgatar parte de sua força interna, se contendo no instante em que iria quebrá-lo. Ensandecido, Coringa resmunga algo a respeito da fraqueza de Batman em matá-lo, e torce o restante que faltava para morrer, simbolizando que, no final a tragédia que do morcego não conseguiu vencer a força de sua comédia. “O final feliz do conto de fadas, do mito e da divina comédia do espírito deve ser lido, não como uma contradição, mas como transcendência da tragédia universal do homem. O mundo objetivo permanece o que era; mas, graças a uma mudança de ênfase que se processa no interior do sujeito, é encarado como se tivesse sofrido uma transformação” (Campbell, p. 34)



O Deus e o Homem:

A Sombra da Capa Vermelha


- Round one, FIGHT!



Amo todos Aqueles que são como gotas pesadas caindo uma a uma da nuvem escura que pende sobre os homens: eles anunciam que o relâmpago vem, e vão ao fundo como anunciadores. Vede, eu sou um anunciador do relâmpago, e uma gota pesada da nuvem: mas esse relâmpago se chama o além-do-homem” (Nietzsche, p. 212).


- TOMA NA FUÇA SUPEROMI!!!


Das idéias de Nietzsche, o mito do sobre-humano (ou Übermensch, no original) concebe um homem além-do-homem. Um ser que está acima da humanidade em si, com poderes e conjecturas acima de nossas questões supérfluas. Sintetizados por Jerry Siegel e Joe Shuster, estes conceitos deram origem ao primeiro herói sobre-humano dos quadrinhos: o Super-Homem. Com poderes titânicos, ele mais se aproxima de um deus do que a de um homem.



- "Você deu a eles o poder que deveria ser nosso..."


Sendo o responsável indireto pela criação do Batman, traçar um contraste entre os dois é algo extremamente simples. Diferente do Homem-Morcego, o Super-Homem é carregado de simbologias que correspondem perfeitamente a imagem e ao mito do herói. Seu uniforme representa nitidamente os Estados Unidos, e todos os valores que os Estadunidenses afirmam ter, como a livre iniciativa, a coragem e o poder (em forma de poderio da nação). O simples ato de voar já pode ter uma grande significância: “(...) O Pássaro é, efetivamente, o símbolo mais apropriado da transcendência. Representa o caráter particular de uma intuição que funciona através de um médium, isto é, de um indivíduo capaz de ter conhecimento de acontecimentos distantes – ou de fatos de que conscientemente nada sabe – entrando num estado de transe.” (Henderson, pg 151). Muitas vezes é também assimilado a Águia, por seus poderes, percepção fina e imponência. A luz também se faz presente, com sua ligação com o Sol, que através de seus jovens raios solares amarelos, alimenta o herói com sua força. No Cavaleiro das Trevas isso se torna claro de se ver: em todos os momentos que Clark Kent (identidade civil do Super-Homem) aparece, o cenário se ilumina, se enche de elementos positivos e as soluções para os problemas são rápidas, ao contrário do Batman, que como já é dito acima, sempre está ligado a sombra e a aspectos negativos.



- Batman é Punk Oi, dá botinada na cara do ícone dos americanos! Só faltou uma correnta estilo "Birdie" (do SFZ)



Batman foi criado por culpa do Super-Homem: vendo que este nicho do mercado de HQ’s estava prosperando, eles trataram de criar um outro herói fantasiado, que seguindo o ciclo cosmogônico de Deus/Lenda-humana, deu origem a criação de Bob Kane. “Chegamos ao ponto no quais os mitos da criação passam a ceder lugar à lenda – tal como no Livro do Gênesis, depois da expulsão do Paraíso. A metafísica é substituída pela pré-história, que é vaga e indistinta a princípio, mas aos poucos exibe precisão de detalhes. Os heróis tornam-se cada vez menos fabulosos, até que, nos estágios finais das varias tradições locais, a lenda se abre à luz comum cotidiana no tempo registrado” (Campbell, p. 306). Como o yin-yang budista, ambos não se dão propriamente muito bem, apesar de estarem do mesmo lado, os métodos de um geralmente não são do agrado do outro. Em Cavaleiro das Trevas, essa posição de ambos é acentuada: enquanto Batman defende a ação dos vigilantes, Super-Homem se põe ao lado do governo, que sancionou uma lei que proibira o vigilantismo. Com medo do que os homens poderiam lhe fazer, Kent prefere ficar ao lado deles como um cão de guerra pronto a seguir qualquer ordem do caricaturado presidente Ronald Reagan. Essa noção de submissão ao governo é vista nas poucas cenas que o Super-Homem aparece agindo como arma de destruição em nome do E.U.A: quando está atacando tanques e aviões, sua silhueta é enegrecida, onde somente sua tremulante capa vermelha é ressaltada, como um estandarte simbólico da guerra. “Consumar é o que eu quero: pois uma sombra veio a mim – de todas as coisas o mais silencioso e o mais leve veio um dia a mim! A beleza do além-do-homem veio a mim como sombra. Ai meus irmãos! Que me importam ainda – os deuses!” (Nietzsche, p. 219).


Ao lado da Superpotência Americana, Super-Homem assume uma postura ditatorial, como se forçasse certos valores de si, colocando-os acima da liberdade dos homens defendidas por Batman. “O tirano é soberbo, e aí reside seu triste fado. Ele é soberbo porque pensa ser sua a força de que dispõe; assim sendo, exerce o papel de palhaço, daquele que confunde sombra e substância; seu destino consiste em ser enganado. O herói mitológico, ressurgindo das trevas que constituem a fonte das formas visíveis, traz o conhecimento do segredo do triste destino do tirano. Com um gesto, simples como pressionar um botão, ele aniquila essa impressionante configuração. A façanha do herói é um constante abalar das cristalizações do momento. O ciclo se desenvolve: a mitologia enfoca o ponto de aumento. A transformação e a fluidez, e não o poder teimoso, caracterizam o Deus vivo. A grande figura do momento existe, tão-somente, para ser derrubada, cortada em pedaços e espalhada pelos quatro cantos do mundo. Em suma, o ogro-tirano é o patrono do fato prodigioso; o herói patrocina a vida criativa” (Campbell, p. 324-325). Com uma vasta gama de super-poderes, beirando a invencibilidade, essa imposição “tirânica” dele significa o avanço da figura Americana sobre o resto do mundo. Para contestar o levante do Morcego, que em meio ao Caos que se encontrava Gotham levanta-se para fazer justiça com as próprias mãos, – uma alusão a qualquer outro país que tente se elevar do caos para atingir certa quantidade de ordem – Reagan ordena ao Super-Homem que este de um fim as atitudes “anárquicas/rebeldes” de Batman.


- Superman, bom menino, tome aqui um ossinho... ops, uma medalha...



Para dar um término em seu ciclo do herói, o Homem-Morcego arma um grande plano: derrotar a maior força deste mundo, e morrer de uma forma heróica. “O último ato da biografia do herói é a morte ou partida. Aqui é resumido todo o sentido da vida. Desnecessário diz, o herói não seria herói se a morte lhe suscitasse algum terror; a primeira condição do heroísmo é a reconciliação com o túmulo” (Campbell, p. 339). Durante a luta é possível se perceber outra característica que separa os dois: Batman planeja todas as ações e movimentos minuciosamente, enquanto o Super-Homem e sua arrogância e prepotência a respeito de seus poderes, simplesmente ataca com socos e pontapés, chegando até a errar um golpe. “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas” (Suz Tzu). Super-Homem acreditava que conhecia o interior de Batman, assim como o seu, visto sua crença e seus atos, mas no fim ele traíra a si mesmo e a todos os conceitos que um herói real deveria possuir: ser fonte de inspiração e tentar fazer o melhor para todos, e não para uma facção. “A tarefa do herói, a ser empreendida hoje, não é a mesma do século de Galileu. Onde então havia trevas, hoje há luz; mas é igualmente verdadeiro que, onde havia luz, hoje há trevas. A moderna tarefa do herói deve configurar-se como uma busca destinada a trazer outra vez à luz a Atlântida perdida da alma coordenada. Evidentemente, esse trabalho não pode ser realizado negando-se ou descartando-se aquilo que tem sido alcançado pela revolução moderna; pois o problema não é senão o de tornar o mundo moderno espiritualmente significativo – ou (enunciando esse mesmo principio de forma inversa) o de possibilitar que homens e mulheres alcancem a plena maturidade humana por intermédio das condições da vida contemporânea.” (Campbell, p. 373)


Atordoado com uma flecha de Kryptonita – pedra verde que o enfraquece, como um símbolo da gênese do herói, quando ele ainda era um ser falível, sem ter seus poderes – e surrado por um só homem, Super-Homem sente o jugo por seu desvirtuamento: o Deus padece perante o homem, que seguindo com vigor e virtude, pode vencer até mesmo o sistema que lhe é imposto. Batman então tem um ataque cardíaco e morre, ainda com as mãos marcando o pescoço do super-ser. Porém, a morte foi forjada, mostrando que ainda há uma esperança apesar de tudo. No caminho do herói, mesmo não se valendo dos tradicionais signos que acompanham estes personagens míticos, Batman mostra-se o mais humano de todos, dando uma verdadeira lição no Übermensch de Nietzsche, e reunindo-se com parte da juventude a qual pretende guiar para seguir seus passos, termina sua vida de herói como uma grande morte simbólica, mas ainda sim, mantendo sua lenda para sempre nos anais da história.


O herói moderno, o indivíduo moderno que tem a coragem de atender ao chamado e empreender a busca da morada dessa presença, com a qual todo o nosso destino deve ser sintonizado, não pode – e, na verdade, não deve – esperar que sua comunidade rejeite a degradação gerada pelo orgulho, pelo medo, pela avareza racionalizada e pela incompreensão santificada. ‘Vive’ diz Nietzsche, ‘como se o dia tivesse chegado’. Não é a sociedade que deve orientar e salvar o herói criativo; deve ocorrer precisamente o contrário. Dessa maneira, todos compartilhamos da suprema provação – todos carregamos a cruz do redentor -, não nos momentos brilhantes das grandes vitórias da tribo, mas nos silêncios do nosso próprio desespero” (Campbell, p. 376).


- E Verdade seja dita, ganhei um encadernado do Cavaleiro das Trevas do boletim panini pelo Twitter!!! Legal isso, eu nunca tinha gnaho NADA! A não ser o Mundos Sem Sol do JRP! HAHAHAHA


Bibliografia



- Os Pensadores, Nietzsche, Editora Nova Cultural, 1996, Sobre o Livro: Assim Falou Zaratrustra, Nietzsche, Friedrich


- A Epopéia de Gilgamesh, Texto Anônimo organizado por N. K. Sandars, Editora Martins Fontes, 1992


- O Homem e seus Símbolos,von Franz, M.L.; Jung, Carl G; Henderson, Joseph L.; Jacobi, Jalonde; Jaffé, Aniela, Editora Nova Fronteira, 17ª Impressão


- Herói de mil faces, Campbell, Joseph; O Editora Cultrix/Pensamento – Original: The Hero with a thousand faces, 1949, Princeton University Press


- Sun Tzu, A Arte da Guerra, Editora Record ,24ª Edição, 2001

Nenhum comentário: